sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sobre a tal “OAB da Informática”

Desde 1999, quando ingressei na Universidade Estadual do Piauí – UESPI para cursar Bacharelado em Ciência da Computação, lido com esta polêmica em torno da não regulamentação da profissão de Informata (termo desconhecido inclusive pela maioria dos meus colegas) e suas inúmeras vertentes: Analista de Sistemas, Webmaster, Administrador de Redes, Administrador de Banco de Dados (DBA), Programador, Técnico em Montagem e Manutenção de Computadores, Digitador etc etc etc. Então a discussão esquentou novamente na última quarta-feira, dia 19/08/2009, quando a nossa Comissão de Constituição e Justiça – CCJ aprovou o Projeto de Lei n° 607/2007 do Senador Marconi Perillo que “dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de Analista de Sistemas e suas correlatas, cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Informática e dá outras providências.


De prontidão, a blogosfera batizou o movimento de “OAB da Informática” e temos mais um assunto para as entediadas semanas de agosto/setembro. Como estudante, foi natural o meu engajamento em favor da criação da minha carteirinha profissional, sentir-me orgulhoso por carregar um pedaço de papel que “comprova” minha capacidade intelectual na área, fazer parte de um “Conselho” sem saber mesmo para que ele sirva além de cobrar taxas e promover jantares para a “Classe” ou usar uma vestimenta característica do meu trabalho, achei “bunito” como diz o caboclo.


Então em 2002 a UESPI me deu um grande presente: um estágio na Assessoria de Comunicação com a missão de criar o novo site da instituição, entrei no mercado de trabalho, ainda que no setor público, e iniciei minha carreira de desenvolvedor web, pela qual sou perdidamente apaixonado. Com o passar dos anos, o contato com clientes, fornecedores, concorrentes, chefes e subordinados nos mostra “a vida como ela é”, tão diferente das cadeiras acadêmicas, e tão rica em experiências, crescimento e amadurecimento profissional. Aprendi a regra de ouro: “Quem tem o ouro dita as regras”. Aprendi que de nada adianta ser brilhante sem que sua rede de relacionamentos tenha ciência disso, o famoso networking, bem como de nada adianta ser bem relacionado e não ter talento ou competência, a famosa picaretagem. Aprendi também que nada substitui a ética, a honestidade e a humildade de admitir quando se erra, e prontamente colocar-se à disposição para resolver o problema. Aprendi a dizer NÃO quando o mercado quer desvalorizar o seu trabalho e quando o cliente acha que comprou a sua alma “ad eternum” a preço de trocados. Aprendi a me dar respeito, como pessoa e como profissional.


E tudo isso eu aprendi, e continuo aprendendo muito todos os dias, sem precisar da tal carteirinha, nem das reuniões e/ou jantares do “Conselho”, nem de usar terno, jaleco ou toga e muito menos de brigas político-judiciais. Aprendi com o melhor professor que existe: o Mercado. Agora me vem um senador que ainda está cursando a faculdade de direito e inaugurou alguns laboratórios de informática quando foi governador de Goiás dizer se eu posso ou não exercer a minha profissão? Santa paciência.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Morte lenta

Gustave Courbet - Hombre Moribumdo

Morre lentamente quem não troca idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições...


Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo pra quem não conhece...


Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto e o branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos...


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir de um conselho sensato...

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo...

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.


Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois, quando ela se aproxima da verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante...


Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar...

Frederico de Carvalho Marroquim